
a sociedade técnico-informacional e o espetáculo da solidão em 1 prólogo e 9 cenas: um storyboard
fotos: renato malanga, texto: marco s.
Prólogo. Fim da tarde. Expediente leve e trânsito nem tão pesado o levaram para casa mais rápido que o habitual. Como de costume estava quente. Estava bem quente aliás. Pode-se dizer muito quente. Extremamente quente estava tb o carro por isso mais pressa em direção ao alivio. qualquer alivio q fosse. Cena 1. Abrir a porta já abrindo braguilha é o que deseja um homem que vê: receber o merecido frescor de sua casa fresca de pé direito alto como convém aos néscios mas também aos frescos. Ele mesmo um burguês tão tosco com tanta tinta grudada nos dedos dos pés q fica impossível esconder suas pegadas. Cena 2. Enfiar a mão pela calça puxar para fora a camisa desabotoar cada botão para enfrentar a casa de peito aberto. Nenhum corpo fechado seria possível a essa hora do dia já quase noite não fosse esse maldito horário de verão. Cena 3. Fechar a porta. Cerrar. Cena 4. Água água todo miserável merece água. Poucos leitinho. Cena 5 Janela e braguilha abertas pernas estiradas. O pau respira solto enquanto o note é ligado. Talvez houvesse algum tesão que atrasasse o banho. Hay que tener uma foda daquelas boas que melasse todo o corpo justificando o banho. Cena 6. Entre a punheta e o banho: a existência exige definições. Cena 7 compartilhar do pau que aponta ao pau que se oferece. A oferta da própria rola nessa sociedade técnico-informacional vale ouro. O mercado da carne desconhece a depressão. E o desespero. Cena 8. A mão do trabalhador pega bem e faz a revolução ficar mais próxima, dura e em riste. Cena 9. Gozar litros pensamento no governo popular e priápico a se fazer a cada hiato entre o trampo e a casa. Um rito a construir com miríades de pecinhas de lego. E paciência. E paciência.
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