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a cidade verossímil: Londrina em 2 simulacros

londrina é uma cidade como tantas outras, cuja história desdobra-se a partir de seus mitos. dentre eles, o mais forte nessa localidade de terra vermelha é o seu mito de origem: a alegada colonização inglesa. quando tudo nela era floresta, indígenas e alguns caboclos, no final dos anos 1920, o capital britânico adquiriu a área e a transformou por um processo de ocupação que aliava a produção agrícola para mercado externo e um projeto urbanístico de cidades em rede inspirado no modelo de cidade jardim. Propriedades rurais e urbanas foram negociadas com nacionais e com estrangeiros, sobretudo com japoneses, alemães, italianos, russos, ucranianos, espanhóis, húngaros, portugueses, libaneses. Um monte de nacionalidade, mas ingleses mesmos, nem os sócios da Companhia de Terras Norte do Paraná o eram. Os proprietários eram escoceses.

A Companhia estava baseada em Londres, por isso que a cidade-sede do empreendimento do imperialismo britânico na região recebeu o nome de Londrina. A partir desse fato, várias histórias surgiram para enfeitar essa objetividade, para colorir o seu imaginário e para flavorizar a sua memória: colonização inglesa, praça com o design da bandeira da Inglaterra, "verdadeira reforma agrária", Eldorado e mais recentemente, a metropolização.

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Dois simulacros dão à paisagem urbana o reforço necessário a esses mitos originários e deixam sua história mais verossímil. Eles cumprem a sua função de amalgamar na história local uma tradição, ainda que inventada,  incutindo e trazendo à tona uma memória visual de algo que nunca foi. Há uma tentativa de naturaliza-los a partir de sua funcionalidade, mas aparentemente os sucessos não são tão significativos, uma vez que nessa ultracontemporaneidade o uso de aparelhos telefônicos públicos tem sido reduzido quase à traço pela onipresença dos smartphones. Transformar as torres de Londres em uma passarela para pedestres atravessarem uma rodovia/avenida em uma região da cidade com poucos transeuntes é outro sinal visível da força político-econômica que o mito assumiu, equipando a cidade com objetos não necessários para o seu dia a dia. 

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