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divas de paus: a ópera in travesti

Naquela manhã ela deve ter acordado bem doida. Cruzou as paredes centenárias de sua morada-palácio determinada a abolir a presença ofensiva de mulheres no palcoscenico. Era o Papa Paulo V (papa entre 1605-1621), que ao proibir a presença feminina no palco criou uma tradição que caracterizou a ópera barroca e que permaneceu em outros momentos da história desse gênero, o papel in travesti, homens, vestidos como mulheres, interpretando papeis femininos.

Homens com timbre feminino está na origem do drama per musica, como era designada a arte operística . Mas esses castrati faziam papeis masculinos. A proibição do Papado fez com que parte dos cantores castrados migrassem para os papeis femininos. O apogeu desse fenômeno estético ocorreu durante o período barroco, mas foi forte e constante até o século 19. Recentemente o repertório lírico barroco tem sido restaurado e reencenado, com um rigor que trouxe de volta esses personagens de Vinci, Händel, Pergolesi, Vivaldi..., paradoxalmente reavivando a linguagem da chamada obra de arte total

aqui um cantor (Franco Fagioli) com timbre castrato fazendo o papel masculino na ópera Ataserse, de Leonardo Vinci

aqui um cantor, Max E. Cencic, em um papel in travesti, num duo com Fagioli, na mesma ópera de Vinci

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