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Jardel Dias

hotel firenze

(para Jean Genet)

Não há nada como uma lua submersa
Numa fina toalha de nuvem escura
Na madrugada suja da cidade.

E esses meninos pobres da noite
De calções desgastados
Coxas grossas e braços fortes
Que comigo dão entrada no Hotel Firenze.

Ali não há serviço de bordo
Para esses navegantes que comigo se atracam
Cumprindo o serviço pelo que são pagos.

Querem apenas uma noite tranquila
Numa sólida cama de lençóis sujos
Onde seus corpos de estátua
Se contorcem antes do desmaio.

E nem a luz do amanhecer vazando
Pela fresta de uma cortina vagabunda
Desfaz o peso do nosso sono.

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