
begotten: o angustiante gênesis de elias merhige

“Como uma chama queimando a escuridão.
A vida é carne no osso se contorcendo sobre a terra
Apenas esta descrição e os créditos finais nos apresentam um fio condutor para a compreensão dos longos 78 minutos de angustiantes e por vezes incompreensíveis estímulos apresentados por Begotten.
A imagem granulada e queimada em uma complicada pós-produção deixa ao espectador, como em um teste de Rorschach, a tarefa de interpretar os vultos bailantes, agonizantes e desfigurados de uma criatura gerada pelas entranhas retiradas de um ser sem rosto e aterrador: “o suicídio do divino”.


O convite ao metafisico e os agoniantes abusos presentes na película garantem o tom de horror ao filme. Diferente de produções cujo os momentos agoniantes anunciam-se previamente, Begotten, como Saló de Pasolini, não oferece aviso nem escape.
A torturante dança de estupros e torturas com suas vísceras e fluídos irrompendo a todo momento, tornam-se uma construção do que fora produzido por EM da interpretação do espectador
caso tenha estômago e estrutura psíquica fortes, veja o filme.