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bye bye bogotá, de marco soares

nem sempre é dia de sol nesse planeta

tem vezes que chove na galáxia

e de nada adianta achar ou perder dentes e estribeiras

esse universo não é para os fracos

fosse outra voz que me ensinasse outra vez ainda assim não aprenderia

nada

e seguiria errando

e errando por esses caminhos em que me perco

atravesso uma ruela

erro o passo

piso em falso

e me apresso

em direção à nenhuma direção

ignoro as placas e as setas

a chuva molha a alma e a barra da calça

tenho vontade de rir quando hablan comigo

na minha mão um copo vazio reclama o gim

e todos os dias encontro corpos caídos junto aos cacos junto aos copos que são recolhidos pelos serviços de limpeza que paradoxalmente funcionam bem nessa cidade

 

(após a ponte a parcela de dor aumenta. estabeleci ali a linha verde: para la mi muero para cá mi mata

aquém do que sobrou de ti aí sim algumas maravilhas para amenizar os desencantos: frutas macias e bonitas mordidas sob frios chuviscos que me lembraram que estou vivo, ainda  que respirando por esses aparelhos amarelos vermelhos alguns marrons organizados em caixas ou em cestas ou descansando sobre um pano sujo)

 

músicas ecoam escoando delírios. yo por ti seré, culebra e desviei do grupo de rapazes que me olhavam com olhos de espanto e algum escarnio. parei na frente de letreiros de neon hoje led e teria ficado lontano lontano se estivesse na itália mas não estava. dilema entre o entrar e sair correndo quando São Jorge Alonso de los Tacones me sorriu e me conduziu para o balcão de bar de fórmica falsa onde copos dançavam e faziam estripulias. pensei no destilado que beberia e no  arrigo roubado. whisky, señor. esforcei-me para não perder a razão e nem a consciência

 

senti seu cheiro quando acordei

alguém arrumou a bagunça que fiz antes de bater perna

dor de cabeça de altitude e  de álcool não passam com analgésicos

o mundo visto de cima não faz sentido

há um vazio na minha barriga q faz gelar a alma

oh la dolorosa distribuidora de pedaços nacos bocados de sua própriia carne aos famintos.  saciai-me.

esses dentes essas mordidas não foram os cachorros que cravaram. nem os cavalos.

 

o prazer foi meu seguido por sete dígitos estavam estampados no bilhete com a marca do hotel.

 

a cidade de dia é diferente. também nessa hora o são os desejos. cheiro de café. gente que passa apressada indo de nada a nada e muitas pombas. das mais estúpidas.

e o carros entopem as vias pessoas caminham. outras correm.

um ônibus vermelho passa. dois. três.

paro nas inúmeras paredes rabiscadas.

os desenhos me atrasam

vejo vitrines

assisto a cidade que a tarde traz outras vontades.

em chapinero há formas de ser para todos os gostos. escolhi três delas

mas meu dedo deletério

(por que sera q as pessoas são tao deletérias? sinto que também apodreço qdo toco nelas)

trouxe de volta

o rapaz da pedra o rapaz da funda

ó tu davi

tu com a pedra e tu com a funda

ao mirar meu corpo todo

acertou bem certeiro o centro do meu olho

que vaza sangue

pela órbita vazia.

quando voltar semearei rosas nela

para ver a qualidade dos espinhos

 

Jorge Alonso me conduziu ao hospital e depois ao hotel

acompanhou as minhas dores

disse palavras confortantes.

dormi em seus braços.

devo ter babado.

 

O sol se apresenta ao meu adeus

com o olho que me sobra olho a rua pela vidraça

não parece haver pressa nessa cidade

nem apreço que venha de ti

 

 

disse adiós ao porteiro

e bye bye a bogotá

(o sonho de aleka foi meu mais terrível pesadelo)

 

aaaaaiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnn uooooooooonnnnnnzzzzzzzzz crashhhhh shhhhh

shhhhh  arrrrrrrr rchrlllaaalllllllllk ahhhhhwosssss placrrrrrrrrrrssshhh

craaa krttttoillllnn PÁÁÁ

tzoinnn bibibpiipitiiiiiii PÁÁÁÁ piiiiii

...

 

 Não houve mais nenhum outro dia

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